sexta-feira, 17 de julho de 2009

A CANDIDATA

por Carlos André

Não me lembro bem há quantos anos a conheci. Recordo-me, vagamente, da ocasião: era eu Coordenador do Pólo de Leiria da UCP, quando me contactou; convidava-me para, numa Gala da sua Rádio, entregar o prémio de “melhor livro do ano” a Saul António Gomes, por essa altura assistente no mesmo Pólo de Leiria e na Universidade de Coimbra e hoje um dos mais qualificados intelectuais leirienses e, seguramente, o melhor historiador da nossa região. A escolha que fez de Saul Gomes revelou-se acertadíssima, como o futuro veio claramente a comprovar. PERSPICÁCIA.
Aceitei, não sem antes ter perguntado: porquê eu? Mas lá fui entregar o prémio, desde logo porque o autor premiado era credor do meu respeito e da minha admiração. No dia da Gala, saiu-me em rifa uma decepção: Saul Gomes não viria, e eu acabaria por entregar o prémio a uma familiar sua, que o representava. Passou um ano, talvez mais, e lançou-me igual convite. Nessa época, desempenhava eu funções públicas em Leiria. Já nem me lembro de quem era o premiado. Lembro-me, disso estou certo, de que também não apareceu. Voltei a protagonizar uma entrega de prémio por procuração. Não gostei. E (azar o meu!), à terceira vez, sucedeu o mesmo. O premiado voltava a primar pela ausência. Para mim, chegava. Decidi não aceitar. Ela é que não desistiu. Voltou a convidar-me no ano seguinte e no outro e no outro… Nunca mais faltei. PERSISTÊNCIA.
Foi aí, nessas Galas (quantas já realizou?) que descobri a grande força que aquela mulher escondia. Nunca acreditei que fosse possível trazer a Leiria tanta gente notável, reunir numa sala de espectáculos tão vasta multidão, ganhar, assim, nesta cidade “de província”, uma aposta tão arriscada. DINAMISMO, CAPACIDADE EMPREENDEDORA.
Assim me conquistou. Passado algum tempo, dei comigo a manter um programa na sua Rádio. E vi que aquele era um projecto que lhe vinha do mais fundo de suas raízes, que alimentava com a força de que só é capaz quem acredita, mas também com uma quase irracionalidade própria, apenas, dos idealistas. PAIXÃO.
Quando, há dias, me convidou para um encontro de amigos, para falarmos da sua candidatura, surpreendeu-me com uma pergunta insuspeitada: “sabia que boa parte das pessoas que habitam em Leiria, no coração de Leiria, nem sequer imagina que a cidade também tem Junta de Freguesia?” Parei para pensar. Concluí que era verdade. Talvez amarga, mas verdade. Habituadas a olhar a Câmara Municipal, sempre presente, as pessoas que vivem na cidade nem sequer se dão conta de que também têm Junta de Freguesia. SENTIDO CRÍTICO.
Daí a sua vontade de ir a votos. Por acreditar que, na cidade, a Junta de Freguesia pode fazer muito pelos cidadãos. Por sentir que as provas que deu em projectos individuais de sucesso, com força, com vontade, com criatividade, com entusiasmo, pode dá-las em proveito do colectivo, que são as cidadãs e os cidadãos que habitam a sua cidade. Por saber, de um saber de experiências feito, que é nos pequenos gestos, nas pequenas iniciativas, nos pequenos espaços e nos pequenos passos que se constroem os grandes projectos. Basta uma pitada de alegria, um rasgo de imaginação, umas gotas de vontade. ENTUSIASMO.
Perspicácia, persistência, dinamismo, capacidade empreendedora, paixão, sentido crítico, entusiasmo. Juntemos-lhe imaginação, vontade, criatividade e tantos mais ingredientes. Foi isto que vi nesta mulher, que não precisava nada disto e que resolveu candidatar-se ao mais nobre lugar de todos os das autarquias – o de Presidente de Junta de Freguesia. Desde logo para dizer à cidade que também tem Junta de Freguesia.
Sou suspeito, confesso. Habituei-me a admirar Emília Pinto, a sua força, que não sei de onde lhe vem.
Dir-me-ão que não é costume trazer para uma crónica um testemunho desta natureza. Respondo que o que escrevo é, apenas, de minha responsabilidade. E, neste caso, pior do que não ser isento seria não partilhar com as minhas leitoras e os meus leitores os sentimentos que em mim desperta a candidatura de Emília Pinto.


Texto gentilmente cedido pelo proprio..
A sua cronica do Região de Leiria de 17 de Julho de 2009

2 comentários:

  1. Depois de ter lido atentamente o seu artigo, não podia deixar de fazer o meu comentário, esperando não ser mal interpretada, pois o meu único objectivo é alertar para os factos, e evitar dar trunfos ao adversário.
    Quando a "Senhora Leiria" se candidatou, em 2001, também fazia afirmações do género" As pessoas não sabem que a Junta existe"... Veja-se entrevista dela no Jornal de Notícias em 30/05/2005...
    Nessa altura fiquei bastante indignada, pois desde 1975, o PS esteve sempre representado e bem, na Junta de Freguesia de Leiria. Fez obra e nos mandatos de 90 a 2001 foi maioria.
    Em 2001/2005 Tendo o PSD ganho eleições, o PS foi maioria no seu executivo, e fez obra.
    No actual mandato por decisão estratégica dos eleitos pelo PS não quiz fazer parte do executivo, mas está em maioria na mesa da Assembleia.
    Os eleitores de Leiria conhecem-nos, e afirmações destas podem prejudicar uma candidatura.
    Desculpe a minha fanqueza. Tenho por si o maior respeito e consideração, por isso tomei a liberdade de fazer este comentário a bem da candidatura do PS.

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  2. Tenho presente esta afirmação da Laura Esperança. Mas:
    a) por um lado, já ninguém se lembra;
    b) por outro, se ela dizia isso e nós o afirmamos agora, é porque ela não fez nada para contrariar o retrato que ela fazia;

    finalmente, não é bem isso que nós dizemos; o que dizemos é que muitas pessoas não sabem da existência de uma Junta de Freguesia na cidade. Não é uma crítica, mas uma atitude pedagógica.



    CA

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